O sucesso do programa de A.A. deve-se ao fato de que quem não está bebendo tem uma excepcional facilidade de ajudar um bebedor problema.
Esta é a simplicidade do programa de A.A., quando um alcoólico recuperado pelos passos, relata seus problemas com a bebida, descreve como está sua sobriedade e o que encontraram em A.A. e abordam um provável ingressante a experimentar essa possibilidade.
O centro desse programa sugerido é baseado em doze passos que você vai conhecer agora. Veja o Vídeo abaixo:
Vídeo acima compartilhado do Canal Youtube A.A. Informes.
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Inscreveu-se em 4 de jun. de 2012
Grato equipe do Canal A.A. Informes pelas matérias postadas referente a Alcoólicos Anônimos. Serenas 24h a todos.
“Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas”
Quem se dispõe a admitir a derrota completa? Quase ninguém, é claro. Todos os instintos naturais gritam contra a ideia da impotência pessoal.
É verdadeiramente terrível admitir que, com o copo na mão, temos convertido nossas mentes numa tal obsessão pelo beber destrutivo, que somente um ato da Providência pode removê-la.
Nenhuma outra forma de falência é igual a esta. O álcool, transformado em voraz credor, esvazia-nos de toda autossuficiência e toda vontade de resistir às suas exigências. Uma vez que aceitamos este fato, nossa falência como seres humanos está completa.
Porém, ao ingressar em A.A., logo encaramos essa humilhação absoluta de uma maneira bem diferente. Percebemos que somente através da derrota total é que somos capazes de dar os primeiros passos em direção à libertação e à força. Nossa admissão de impotência pessoal acaba por tornar-se o leito de rocha firme sobre o qual poderão ser construídas vidas felizes e úteis.
Sabemos que pouca coisa de bom advirá a qualquer alcoólico que se torne membro de A.A. sem aceitar sua devastadora debilidade e todas as suas consequências. Até que se humilhe desta forma, sua sobriedade – se a tiver – será precária.
Da felicidade verdadeira, nada conhecerá. Comprovado sem sombra de dúvida por uma longa experiência, este é um dos fatos de vida de A.A. O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura sem que antes admitamos a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa Irmandade toda.
“Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”.
A partir do momento em que lê o Segundo Passo, a maioria dos novos em A.A. enfrenta um dilema, às vezes, bastante sério.
Quantas vezes os temos ouvido reclamar: “olhem o que vocês fizeram conosco. Convenceram-nos de que somos alcoólicos e que nossas vidas são ingovernáveis. Havendo nos reduzido a um estado de desespero absoluto, agora nos informam que somente um Poder Superior poderá resolver nossa obsessão. Alguns de nós recusam-se a acreditar em Deus, outros não conseguem acreditar e ainda outros acreditam na existência de Deus, mas de forma alguma confiam que Ele levará a cabo este milagre. Pois é, meteram-nos num beco sem saída, tudo bem, mas e agora, para onde vamos?”
“Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos”.
A prática do Terceiro Passo é como abrir uma porta que até então parecia estar fechada à chave. Tudo de que precisamos é a chave e a decisão de abrir a porta. Há apenas uma chave, e se chama boa vontade. Olhando-se através dela, ver-se-á um caminho ao lado do qual há uma inscrição que diz: “Eis o caminho em direção àquela fé que realmente funciona.”
Nos primeiros dois passos, refletimos. Vimos que éramos impotentes perante o álcool, mas também percebemos que alguma espécie de fé, mesmo que fosse somente em A.A., estava ao alcance de qualquer um.
Essas conclusões não requereram ação; requereram apenas aceitação.
Como todos os outros, o Terceiro Passo pede uma ação positiva, pois é somente através de ação que conseguimos interromper a vontade própria que sempre impediu a entrada de Deus – ou, se preferir, de um Poder Superior – em nossas vidas. A fé é necessária certamente, porém a fé isolada pode resultar em nada. Podemos ter fé, mas manter Deus fora de nossas vidas. Portanto, o nosso problema agora é descobrir como e por quais meios específicos, poderemos deixá-Lo entrar. O Terceiro Passo representa nossa primeira tentativa de alcançar isso. Aliás, a eficácia de todo programa de A.A. dependerá de quão bem e sinceramente tenhamos tentado chegar à decisão de “entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos”
“Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.
A Criação nos deu os instintos por alguma razão. Sem eles não seríamos seres humanos completos. Se os homens e as mulheres não se esforçassem a fim de se sentir seguros, a fim de conseguir alimento ou construir abrigo, não sobreviveriam; se não se reproduzissem, a Terra não seria povoada; se não existisse o instinto social, se os homens não se interessassem pelo convívio com seus semelhantes, não haveria sociedade. Portanto, estes desejos – pela relação sexual, pela segurança material e emocional, e pelo companheirismo – são perfeitamente necessários e naturais, e certamente dados a nós por Deus.
Contudo, estes instintos, tão necessários para nossa existência, frequentemente excedem bastante suas funções específicas. Fortemente, cegamente e muitas vezes simultaneamente, eles nos impulsionam, dominam e insistem em dirigir nossas vidas.
Nossos anseios pelo sexo, pela segurança material e emocional, e por posição importante na sociedade, com frequência nos tiranizam. Quando deturpados desta forma, os desejos naturais do homem causam-lhe grandes problemas, aliás, quase todos os problemas que existem. Nenhum ser humano, por melhor que seja, fica livre dessas dificuldades. Quase todo problema emocional grave pode ser considerado como um caso de instintos deturpados. Quando isso acontece, nossas grandes qualidades naturais, os instintos, tornam-se empecilhos físicos e mentais.
O Quarto Passo representa nosso esforço enérgico e meticuloso para descobrir quais foram, e são, esses obstáculos em cada um de nós. Queremos descobrir exatamente como, quando e onde nossos desejos naturais nos deformaram. Queremos olhar de frente a infelicidade que isto causou aos outros e a nós mesmos.
Descobrindo quais são nossas deformidades emocionais, podemos começar a corrigi-las. Sem um esforço voluntário e persistente para lograr isso, haverá pouca sobriedade e felicidade para nós. Sem um minucioso e destemido inventário moral, a maioria de nós verificou que a fé que realmente funciona na vida diária permanece fora de alcance.
“Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas”.
Todos os Doze Passos de A.A. pedem-nos para atuar em sentido contrário aos nossos desejos naturais, todos desinflam nosso ego. Quando se trata de desinflar o ego, poucos passos são mais duros de aceitar que o Quinto. Mas, dificilmente, algum deles é mais necessário à obtenção da sobriedade prolongada e à paz de espírito do que este.
A experiência de A.A. indicou-nos que não podemos viver sozinhos com insistentes problemas e os defeitos de caráter que os causam e agravam. Caso tenhamos passado o holofote do Quarto Passo sobre nossas vidas, e se ele tiver realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar, se chegamos a aprender como os pensamentos e as ações erradas feriram a nós e a outrem, então, toma-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas torturantes de ontem. É preciso falar com alguém a esse respeito.
Tão intensos, porém, são nosso medo e a relutância em fazê-lo que, no início, muitos AAs tentam contornar o Quinto Passo. Procuramos uma maneira mais fácil – que geralmente consiste na admissão ampla e quase indolor de que, quando bebíamos, éramos, às vezes, maus elementos. Então, para completar, acrescentamos descrições dramáticas desse lado de nosso comportamento quando bêbados que, em todo caso, nossos amigos provavelmente já conhecem.
Mas, das coisas que realmente nos aborrecem e marcam, nada dizemos. Certas lembranças angustiantes ou humilhantes, dizemos para nós mesmos, não devem ser compartilhadas com ninguém. Essas serão nosso segredo. Ninguém deve saber. Esperamos levá-las conosco para a sepultura.
Contudo, se a experiência de A.A. serve para algo, ela nos diz que, a esse procedimento, não só falta critério, como também é uma resolução perigosa. Poucas atitudes atrapalhadas causaram mais problemas do que recusar-se à prática do Quinto Passo. Algumas pessoas são incapazes de permanecer sóbrias, outras recairão periodicamente enquanto não fizerem uma verdadeira “limpeza de casa”.
“Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter”.
“Este é o passo que separa os adultos das crianças…”.
Eis o que declara um clérigo muito querido que, por sinal, é um dos melhores amigos de A.A. Ele prossegue para explicar que qualquer pessoa capaz de ter suficiente boa vontade e honestidade para, repetidamente, experimentar o Sexto Passo com respeito a todos seus defeitos – em absoluto sem qualquer reserva – tem realmente andado um bom pedaço no campo espiritual e, portanto, merece ser chamado de um homem que está sinceramente empenhado em crescer à imagem e semelhança do Criador.
Evidentemente, a tão discutida pergunta sobre se Deus pode – e quer, sob certas condições – remover os defeitos de caráter, será respondida afirmativamente pela quase totalidade dos membros de A.A. Para eles, essa proposição não será apenas teoria; será simplesmente uma das maiores realidades de suas vidas. Geralmente oferecerão suas provas em afirmações como esta: “É claro, estava vencido, completamente derrotado. Minha própria força de vontade simplesmente não funcionava no caso do álcool. Mudanças de ambiente, os melhores esforços de parentes, amigos, médicos e clérigos nada adiantaram no caso do meu alcoolismo. Simplesmente não conseguia parar de beber, e nenhum ser humano parecia ter a capacidade de me ajudar. Porém, quando me dispus a colocar a casa em ordem e roguei a um Poder Superior, Deus, como eu O concebia, que me libertasse, então, minha obsessão para o beber sumiu. Simplesmente foi arrancada de mim”.
“Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”.
Já que este passo trata tão especificamente da humildade, deveríamos fazer uma pausa aqui para pensar sobre o que é a humildade e o que a sua prática poderá significar para nós.
Realmente, conseguir maior humildade é o princípio fundamental de cada um dos Doze Passos de A.A., pois sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólico poderá permanecer sóbrio. Além disso, quase todos os AAs descobriram que sem desenvolver esta preciosa virtude além do estritamente necessário à sobriedade, não terão muita probabilidade de serem felizes. Sem ela, não podem viver uma vida de muita utilidade ou, na adversidade, convocar a fé que enfrenta qualquer emergência.
A humildade, como palavra e ideal, tem passado bem mal em nosso mundo, não somente é mal entendida a ideia, mas, frequentemente a palavra em si desagrada profundamente. Muitas pessoas não praticam, mesmo ligeiramente, a humildade como um modo de vida. Uma boa parte da conversa cotidiana que ouvimos, e muito do que lemos, salienta o orgulho que o homem tem de suas próprias realizações.
Com grande inteligência, os homens de ciência vêm forçando a natureza a revelar seus segredos. Os imensos recursos que atualmente podem ser utilizados prometem tamanha quantidade de bens e confortos materiais que muitos chegaram a acreditar que como obra do homem em breve chegaremos a desfrutar o milênio.
A pobreza desaparecerá, e haverá tanta abundância que todos, amplamente garantidos, terão realizados todos os seus desejos. Em teoria parece ser assim: uma vez satisfeitos os instintos primários de todos, pouca coisa restará que possa levá-los à discórdia. Então, o mundo se tornará feliz e livre para concentrar-se no desenvolvimento da cultura e do caráter. Apenas com sua própria inteligência e esforço, os homens terão construído seu próprio destino.
Certamente nenhum alcoólico e, sem dúvida, nenhum membro de A.A. quer condenar os avanços materiais. Nem entramos em debate com muita gente que ainda se agarra com tanta paixão à crença de que satisfazer os nossos desejos básicos é o objetivo principal da vida. Porém, estamos convencidos de que nenhuma classe de pessoas no mundo jamais se atrapalhou tanto tentando viver segundo tal pensamento, como os alcoólicos. Há milhares de anos vimos querendo mais do que a nossa parcela de segurança, prestígio e romance. Quando parecíamos estar obtendo êxito, bebíamos para viver sonhos ainda maiores e quando estávamos frustrados, mesmo um pouco, bebíamos até o esquecimento. Nunca havia o suficiente daquilo que julgávamos querer. Em todos esses empenhos, muitos dos quais bem intencionados, ficamos paralisados pela nossa falta de humildade. Havia nos faltado a perspectiva para enxergar que o aperfeiçoamento do caráter e os valores espirituais deveriam vir primeiro e que as satisfações materiais não constituíam o propósito da vida. De forma bem caracterizada, havíamos confundido os fins com os meios. Ao invés de considerar a satisfação de nossos desejos materiais como meios pelos quais podíamos viver e funcionar como humanos, entendemos que estas satisfações constituíam a única finalidade e objetivo da vida. É verdade que a maioria de nós considerava desejável um bom caráter, porém mais como algo de que se iria necessitar para estar satisfeito consigo mesmo.
“Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e dispusemo-nos a reparar os danos a elas causados”.
Os Oitavo e Nono Passos preocupam-se com as relações pessoais. Primeiro, olhamos para o passado e tentamos descobrir onde erramos; então, fazemos uma enérgica tentativa de reparar os danos que tenhamos causado; e, em terceiro lugar, havendo desta forma limpado o entulho do passado, consideramos de que modo, com o novo conhecimento de nós mesmos, poderemos desenvolver as melhores relações possíveis com todas as pessoas que conhecemos.
Eis uma incumbência difícil. É uma tarefa que poderemos realizar com crescente habilidade, sem contudo jamais concluí-la. Aprender a viver em paz, companheirismo e fraternidade com qualquer homem e mulher, é uma aventura comovente e fascinante. Todo membro de A.A. descobriu que pouco pode progredir nessa nova aventura de viver sem antes voltar atrás e fazer, realmente, um exame acurado e impiedoso dos destroços humanos que tenha deixado em seu passado. Até certo ponto, tal exame já foi feito quando fez o inventário moral, mas agora chegou a hora em que deveria redobrar seus esforços para ver quantas pessoas feriu e de que forma. Esta reabertura das feridas emocionais, algumas velhas, outras talvez esquecidas e ainda outras, sangrentas e dolorosas, dará a impressão, à primeira vista, de ser uma operação desnecessária e sem propósito. Mas se for iniciada com boa vontade, então as grandes vantagens de assim proceder vão se revelando tão rapidamente que a dor irá diminuindo à medida que os obstáculos, um a um, forem desaparecendo.
Tais obstáculos, contudo, são muito reais. O primeiro e um dos mais difíceis, diz respeito ao perdão. Desde o momento em que examinamos um desentendimento com outra pessoa, nossas emoções colocam-se na defensiva. Evitando encarar as ofensas que temos dirigido a outro, costumamos salientar, com ressentimento, as afrontas que ele nos tem feito. Isto acontece especialmente quando ele, de fato, tenha se comportado mal. Triunfalmente agarramo-nos à sua má conduta como a desculpa perfeita para minimizar ou esquecer a nossa.
Devemos, a essa altura, determo-nos imediatamente. Não faz sentido um autêntico beberrão roto, rir-se do esfarrapado. Lembremo-nos de que os alcoólicos não são os únicos afligidos por emoções doentias. Além do mais, geralmente é um fato que, quando bebíamos, nosso comportamento agravava os defeitos dos outros. Repetidamente, abusamos da paciência de nossos melhores amigos a ponto de esgotá-los e despertamos as piores reações naqueles que, desde o início, não gostaram de nós. Em muitos casos, estamos, na realidade, em frente a cossofredores, pessoas que tiveram suas aflições aumentadas pela nossa contribuição. Se estamos a ponto de pedir perdão para nós mesmos, por que não começar por perdoar a todos eles?
Ao fazer a relação das pessoas às quais prejudicamos, a maioria de nós depara com outro resistente obstáculo. Sofremos um choque bastante grave quando nos damos conta de que estávamos preparando a admissão de nossa conduta desastrosa, cara a cara, perante aqueles que havíamos tratado mal. Já foi bastante embaraçoso, quando em confiança, havíamos admitido estas coisas perante Deus, nós mesmos e outro ser humano. Mas a perspectiva de chegar a visitar ou mesmo escrever às pessoas envolvidas, agora nos parecia difícil, sobretudo quando lembrávamos a desaprovação com que a maioria delas nos encarava.
Também havia casos em que havíamos prejudicado certas pessoas que, felizmente, ainda desconheciam que haviam sido prejudicadas. Por que, lamentávamos, não esquecer o que se passou? Por que devemos considerar até essas pessoas? Essas eram algumas das maneiras com que o medo conspirava com o orgulho para impedir que fizéssemos uma relação de todas as pessoas às quais tínhamos prejudicado.
Alguns de nós, contudo, tropeçaram em um obstáculo bem diferente. Apegamo-nos à tese de que, quando bebíamos, nunca ferimos alguém, exceto a nós mesmos. Nossas famílias não sofreram porque sempre pagamos as contas e raramente bebemos em casa. Nossos colegas de trabalho não foram prejudicados, porque geralmente comparecíamos ao trabalho. Nossa reputação não havia sofrido, porque estávamos certos de que poucos sabiam de nossas bebedeiras e aqueles que sabiam nos asseguravam, às vezes, que uma boa farra, afinal de contas, não passava de uma falha de um bom sujeito. Que mal, portanto, havíamos cometido realmente. Certamente nada que não pudéssemos consertar com algumas desculpas banais.
É claro que esta atitude é o resultado final do esquecimento proposital. É uma atitude que só pode ser mudada por uma busca profunda e honesta de nossas motivações e ações.
Embora em alguns casos não possamos fazer reparação alguma, e em outros o adiamento da ação seja preferível, deveríamos, contudo, fazer um exame acurado, real e exaustivo da maneira pela qual nossa vida passada afetou as outras pessoas. Em muitas instâncias descobriremos que, mesmo que o dano causado aos outros não tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos foi enorme. Embora, às vezes, totalmente esquecidos, os conflitos emocionais que nos prejudicaram se ocultam e permanecem, em lugar profundo, abaixo do nível da consciência.
“Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem”.
Bom-senso, um cuidadoso sentido de escolha do momento, coragem e prudência – eis as qualidades que precisamos ter quando damos o Nono Passo.
Após haver elaborado a relação das pessoas as quais prejudicamos, refletido bem sobre cada caso específico e procurado adotar a atitude correta, veremos que as reparações diretas dos danos causados dividem em várias categorias aqueles aos quais devemos nos dirigir. Haverá os que deverão ter preferências, tão logo estejamos razoavelmente confiantes em poder manter nossa sobriedade. Haverá aqueles aos quais poderemos fazer uma reparação apenas parcial, para que revelações completas não façam a eles e a outros mais danos do que reparos. Haverá outros casos em que a ação deverá ser adiada, e ainda outros em que, pela própria natureza da situação, jamais poderemos fazer um contato pessoal direto.
A maioria de nós começa a fazer certos tipos de reparações diretas a partir do dia em que nos tornamos membros de Alcoólicos Anônimos. Desde o momento em que dizemos às nossas famílias que pretendemos verdadeiramente tentar adotar o programa, o processo se inicia. Nesta área, raramente existirá o problema de escolher o momento ou ter cautela. Queremos entrar pela porta gritando as boas novas.
Após voltar de nossa primeira reunião ou, talvez, após haver terminado de ler o livro Alcoólicos Anônimos, geralmente queremos nos sentar com algum membro da família e admitir, de uma vez, os prejuízos que temos causado com nosso beber. Quase sempre queremos ir mais longe e admitir outros defeitos que fizeram com que fosse difícil viver conosco. Esse será um momento bem diferente e em grande contraste com aquelas manhãs de ressaca em que oscilamos entre insultar a nós mesmos e culpar a família (e todos os outros) pelos nossos infortúnios. Nessa primeira sessão, basta fazer uma admissão geral de nossos defeitos. Poderá ser pouco prudente, a esta altura, reviver episódios angustiantes. O bom-senso sugerirá que devemos ir com calma. Embora possamos estar inteiramente dispostos a revelar o pior, precisamos nos lembrar de que não podemos comprar nossa paz de espírito à custa dos outros.
O mesmo procedimento aplicar-se-á no local de trabalho. Logo pensaremos em algumas pessoas que conhecem bem a nossa maneira de beber e que foram as mais afetadas pela mesma. Porém, mesmo nestes casos, precisaremos usar de um pouco mais de discrição do que com nossa família. Talvez nada queiramos dizer por algumas semanas ou até mais. Primeiro, desejaremos estar razoavelmente seguros de que estamos firmes no programa de A.A. Então, estaremos prontos para procurar estas pessoas, dizer-lhes o que é A.A. e o que estamos tentando fazer. Isso explicado, podemos admitir livremente os danos que causamos e pedir desculpas. Podemos pagar ou prometer pagar, as obrigações financeiras ou outras, que tivermos. A recepção generosa da maioria das pessoas perante tal sinceridade, frequentemente irá nos surpreender. Até nossos mais severos e justificados críticos, com frequência irão nos acolher bem na primeira tentativa.